Porque, onde quer que estejamos inseridos,
importa sempre conhecermos o tempo, o espaço e as gentes, não deixamos pois de
abordar brevemente um pouco do que é a Portela e a sua história.
A Portela, também conhecida por Portela de
Sacavém ou Portela de Loures, é uma freguesia portuguesa do concelho de Loures,
com 0,95 km² de área e 15 441 habitantes (2001).
Densidade demográfica: 17 546,6
h/km². Evolução da população da Portela (1991 – 2001) 1991: 16 740
2001: 15 441
Localizada no extremo sudeste do concelho, a freguesia da Portela
faz fronteira com Sacavém, a norte, Prior Velho, a oeste, Moscavide, a este (em
Loures), e com Santa Maria dos Olivais, a sul (na cidade de Lisboa).
O nome Portela parece derivar de uma corruptela do latim portulla
em portella, significando «pequena porta», antigamente adjectivada com o
determinativo «de Sacavém», uma vez que se tratava de uma das portas de entrada
daquela freguesia, para quem vinha de Lisboa. A Portela é uma freguesia de
constituição bastante recente. Embora a construção da urbanização tenha sido
iniciada ainda nos anos 70 (no local onde outrora se erguiam, pelo menos, cinco
velhas quintas), a freguesia foi apenas criada oficialmente em 4 de Outubro de
1985, por desmembramento das freguesias de Sacavém e Moscavide.![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_taE_KtRJOro77RtAdiCvbWTzpadCC3V5MvGdJJrzsrxZu1b9JkzL2VguW4OGNoClxS2CZonYJNoghmGE9CNA6ejHMHRb7VXzDufAA=s0-d)
Freguesia inteiramente urbana, com alguns resquícios das velhas quintas
senhoriais (como a Quinta da Vitória, onde já esteve instalado um
estabelecimento de ensino superior), a Portela foi uma urbanização pensada e
construída de raiz a partir de um ponto central, que é o seu centro comercial.
Os espaços ajardinados e, sobretudo, a Igreja do Cristo-Rei, concluída em meados
dos anos 90, em linhas arquitectónicas bastante arrojadas, conferem grande
beleza e dinamismo a esta jovem freguesia.
Património
A Igreja Matriz Paroquial do Cristo-Rei da
Portela de Sacavém
Esta igrejafoi sendo construída, a partir de meados dos anos 70, graças
a várias doações beneméritas, destinando-se a servir de templo católico à
nascente (e crescente) urbanização da Portela de Sacavém, que em 1 de Janeiro de
1986 se tornou em freguesia independente da de Sacavém. A Igreja viria a ser
inaugurada em meados dos anos 90, tornado-se matriz da paróquia portelense.
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_uTqNWhqGEJCzy8SiadfCKUMzqa4psxP8_ylF_GBvZgHzn4v6mjGKQ1RhHM6j_i-EwEzYjQlFT-U6pYWlCtKQhB7iRU50roYJns4awxYA=s0-d)
Tem por orago o Cristo-Rei, retirado do vizinho Seminário Maior do Cristo-Rei
dos Olivais, que dista cerca de cem metros da Igreja.
É conhecida pelo seu estilo arquitectónico singular, em linhas bastante modernas
e arrojadas, tanto no interior como no exterior, causando grande impressão
visual a quem a visita (arquitecto: Luiz Cunha).
A imagem de Cristo Rei do Universo, que ocupa um lugar de destaque no
presbitério, é de autoria da escultora Luísa Nadal Byrne; os painéis de mosaico
(representando a História da Salvação) e as esculturas em mármore com os
símbolos dos quatro evangelistas foram desenhados pelo arquitecto Luiz Cunha,
tal como a tapeçaria da zona presbiteral; o painel do baptistério foi criado por
Emília Nadal.
Estão colocados à veneração dos fiéis as imagens de quatro Santos portugueses
que testemunharam uma forma especial de vivência da fé cristã: Santo António de
Lisboa, Santa Isabel de Portugal, São João de Deus e São João de Brito. Na
pequena capela onde se encontra a imagem de Nossa Senhora de Fátima, foram
recentemente colocadas as imagens dos Pastorinhos (Jacinta e Francisco),
beatificados em Maio de 2000 por S.S. o Papa João Paulo II.
Centro Comercial da Portela
O Centro Comercial da Portela, situa-se no ponto central do
bairro e freguesia da Portela (Loures). Este centro, inaugurado em 1975, foi o
primeiro grande centro comercial de Portugal.
A construção do Centro Comercial da Portela, inseriu-se no projecto de
construção da Urbanização da Portela de Sacavém, planeada no final dos anos 60 e
inicializada no início dos anos 70. O edifício do centro (Edifício Concórdia)
ocupa o ponto central da urbanização, que irradia e se organiza a partir dele.
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_uEflUgiJ5X12tLZ8JfhiZb6Wa5VpHjnQV25Z6LcPEZ94fMww7Auc6hZMuClRDnqXu_2VIvPOwl6yJs0WpBrBUeQBRfnd1nzGM=s0-d)
Até
meados dos anos 80, o Centro Comercial da Portela manteve o estatuto de grande
centro de importância regional e até nacional, atraindo inúmeros visitantes de
fora da região. A partir dessa altura, com a construção de novos centros de
grandes dimensões em outros locais, foi-se transformando essencialmente num
fornecedor de serviços local, função para a qual foi, aliás projectado.
Edifício Concórdia
O Edifício Concórdia situa-se na freguesia de Portela, concelho de Loures
e tem 20 andares acima do solo, destinados a escritórios do 1º ao 10º andar e a
habitação do 11º ao 20ºandar. Abaixo do nível do solo, tem ainda espaços de
garagem, do piso -1 ao piso -4.
Heráldica
A Portela utiliza a seguinte bandeira e brasão de armas:
Um escudo de azul, com um troço de aqueduto de cinco arcos de prata, lavrado de
negro e movente dos flancos. Em chefe de uma cruz de ouro entre dois livros
abertos de prata. Em ponta, de um ramo de oliveira, frutado, de ouro. Uma coroa
mural de prata de três torres. Um listel branco com a legenda de negro, em
maiúsculas: «PORTELA – LOURES». Bandeira de amarelo; cordões e borlas de ouro e
azul.
A História da Portela
Publicado em: Março 3, 2009, na secção
Opinião, in Notícias da Portela
A Portela nasceu no início da década de 1970 e, à semelhança de Lisboa, tem
acompanhado a evolução dos tempos no que diz respeito à sua população e ao seu
urbanismo. Não em alterações do foro das fachadas e dos próprios edifícios, mas
em termos de urbanidade da sua população, como bairro, como um organismo social
vivo e como bairro com uma vida própria.
Urbanidade também de um bairro inserido
na área metropolitana da grande Lisboa. No início da sua formação, a Portela
começou a ser habitada na sua maioria por casais jovens ou de meia-idade com ou
sem filhos. Muitas pessoas vieram das ex-colónias portuguesas, outras eram
profissionais liberais como advogados, engenheiros, médicos ou então pessoas
como juízes, membros de governos anteriores. Todos na sua maioria pessoas da
classe média, média alta.
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_tGUs0zjEQh07Wu5t8mOBCtVE-mChX3Xc1TfFe20oRzBimpkYYwoKQQ-S6Y1-m15ZEDnSWFjkT6-2kpJqa2T10tGaXeU_qR05CxQ2mv15Y=s0-d)
A Portela começou a ganhar uma vida própria onde a
construção das escolas e do centro comercial tiveram um papel muito importante
neste processo evolutivo. Na década de 80, a juventude era irreverente, na sua
maioria punks, metálicos, anarquistas, vanguardistas, e, claro, também os
betinhos eram muitos. Eram os tempos dos Cure, dos Doors, dos Police, Duran
Duran, Boy George, etc. A noite era quase sempre ao fim de semana no Bairro Alto
e costumava acabar no Cais do Sodré, no Jamaica, Tóquio ou Shangrila. Os tempos
foram evoluindo e a Associação dos Moradores da Portela, a Paróquia e a própria
Junta de Freguesia começaram a ter mais protagonismo na vida social do nosso
bairro.
Surgem os anos 90, tudo mais ou menos na mesma, a juventude começou a
frequentar o Alcântara-Mar, a Kapital, O Kremlin. A Esplanada da Portela surgiu
entretanto como ponto de encontro preferencial de muitos jovens, em parte por
ser um espaço mais ao ar livre, mais em contacto com a natureza. Surgem os
campos de ténis e o campo de futebol de cinco, que ajudam a promover a prática
da actividade física tão importante para o bem-estar da nossa população, em
especial dos mais jovens.
Os espaços verdes começam a tomar forma, as ruas
começam a ter um aspecto mais ordenado, a Portela continua a evoluir. A
população continuou a envelhecer. Os que eram mais jovens tornaram-se mais
adultos e casaram, constituíram família, e a maioria saiu da Portela. No
entanto, muitas pessoas desta geração voltaram e continuam a fixar-se de novo na
Portela com as suas famílias. Com o aparecimento da Expo 98, muitas pessoas
decidiram trocar o nosso bairro pela zona habitacional da Expo, mas tem-se
observado ultimamente que muitas destas pessoas têm abandonado a Expo para
retornar à Portela, onde se sentem mais em casa, mais no bairro delas.
Os jovens
de agora são um pouco diferentes, reflexos dos tempos actuais em que vivemos. Os
computadores, a Internet, a TV Cabo, os telemóveis, a globalização. Mas à sua
forma continuam a ser jovens irreverentes. Entretanto, nos nossos dias a Portela
continua a transformar-se, muitas pessoas começam a vender as suas casas e a
retirarem-se para o interior do país. Algumas pessoas também têm falecido e
outras pessoas decidem fixar-se trazendo um tipo de pessoas um pouco diferentes,
com outras ideias e formas de viver, o que constitui uma nova lufada de ar
fresco para a nossa população que continua a envelhecer cada vez mais.
Assim,
aos poucos, a população da Portela vai-se alterando na sua urbanidade e
demografia dando outros contornos à vida do nosso bairro. Até breve. (António dos Santos / www.blogdoescritor.blogspot.com)